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terça-feira, 12 de julho de 2011


Aqui estão as fotos da quadrilha que fizemos no Maria Araújo este ano:


segunda-feira, 27 de setembro de 2010

Pequeno Resumo

Histórico da “educação física”

Orbelio Pinto de Souza Corrêa Neto

Referência:

OLIVEIRA, Vitor Marinho de. O que é educação física. São Paulo: Brasiliense, 2006. – (Coleção primeiros passos)/ 6ª reimpr. Da 11ª ed. 1994.

Desde a Pré-história as atividades físicas (longas caminhadas, lutar, correr, saltar, nadar, atirar objetos, jogar, dançar...) acompanham o homem.

No jogo tínhamos a preparação para a vida adulta e na dança os rituais...

Os povos da Antigüidade Oriental, 6000 anos atrás, conseguiram atingir um nível civilizatório e uma “Educação Física” com fins guerreiros, terapêuticos, esportivos e educacionais, tendo a religião como pano de fundo.

Nesse contexto destacaram-se os chineses com o mais antigo sistema de ginástica terapêutica, o Kong-Fou, 2700 a.C. Além disso, eram excelentes praticantes de hipismo e esgrima. No século III a.C. praticavam um esporte similar ao futebol.

A Índia conseguiu atingir um grau considerável de elevação espiritual com a Yoga.

Os egípicios destacaram-se pela formação guerreira, salientamos o uso do arco e flecha e prática da equitação.

Partindo para a Antigüidade Ocidental, os gregos atingiram o título de mundo civilizado ocidental. Nesse contexto, Platão dizia por intermédio de Sócrates em A República sobre uma educação ideal que unia a ginástica à música, a Paidéia. Nesse ambiente nascem os Jogos Olímpicos – 776 a.C; estes faziam homenagem a Zeus - consistiam em oito provas (corrida de carro, pugilato, luta, corrida a pé, combate armado, arremesso de bola de ferro, arco e flecha e arremesso de lança).

Na Grécia duas cidades se destacam. Esparta, por implantar uma política de eugenismo, devido ao seu caráter guerreiro e Atenas, amantes da cultura. Desde essa época já tínhamos o professor de Educação Física – o pedótriba – que tinha tanto prestígio quanto um médico.

Aristóteles dizia: “a ciência da ginástica deve investigar quais exercícios são mais úteis ao corpo, segundo a constituição física de cada um”.

Os esportes gregos eram basicamente fundamentados no atletismo (correr, saltar e lançar) e realizados em total estado de nudez. Para se ter uma idéia ginástica significa a “arte de desenvolver o corpo nu”.

O “cuidar do corpo” grego, com algumas exceções (Esparta) era um cuidar olhando o homem de forma total. Com o domínio da Grécia pelos Romanos, estes descaracterizam esse “cuidar do corpo” implantando os circos e os anfiteatros, onde multidões assistiam às corridas de carros, corridas à pé, lutas, divertiam-se com a disputa sanguinária dos gladiadores lutando entre si ou com animais, viam degradantes espetáculos de primitivos cristãos sendo devorados por feras. Tudo isso também fazia parte da política do “pão e circo”, nesta os Imperadores conquistavam a população distribuindo rações diárias de trigo e animando a plebe com estes artifícios “esportivos”.

Temos, agora, uma fase de transição para a Idade Média. Em 395 temos a divisão do Império Romano por Teodósio I que dois anos antes abolira os Jogos Olímpicos. Na Idade Média em si temos uma valorização da alma em detrimento do corpo. Uma das poucas utilidades da educação física era treinar cavaleiros, estes além dos exercícios físicos tinham o xadrez como prática intelectual. Os torneios e as justas (lanceiros procuravam derrubar os adversários de suas montarias) eram a culminância dos exercícios físicos.

Assim como os gregos deram consagraram o atletismo, os ingleses deram os primeiros passos para solidificação dos esportes coletivos, dentre eles citamos o soule (esporte jogado com as mãos e pés que foi ancestral do futebol e do rugby – esporte semelhante ao futebol americano, uma das diferenças é que os jogadores não usam as proteções do football).

No Renascimento (XIV), uma reação à estrutura feudal ocorreu, o antropocentrismo se opunha ao teocentrismo medieval. Houve assim uma revalorização do corpo e a Educação Física reintroduz-se nos currículos elitistas.

Um dos primeiros tratados de biomecânica que o mundo conheceu foi criado por Da Vinci em “Estudo do s movimentos dos músculos e articulações”.

Rabelais defendia o uso de jogos e esportes na educação assim como Montaigne.

Francis Bacon também defendia os exercícios naturais havendo estudado a manutenção orgânica e o desenvolvimento físico pelo aspecto fisiológico.

A publicação de “De arte ginástica” em 1569, escrita pelo médico italiano Mercuriale. Sua obra resumiu a literatura antiga sobre o assunto dedicando á matéria um caráter médico que a tem arcado tradicionalmente.

Locke e Rousseau, pensadores pós-renascentistas influenciaram a educação, consequentemente a educação física. O primeiro acreditava na aplicação da repressão e da disciplina, já o segundo não acreditava que o principal papel da educação era instruir.

Basedow fundou em 1774 na Alemanha o primeiro estabelecimento escolar – desde a Grécia Clássica – com um currículo onde a ginástica e as disciplinas intelectuais tinham o mesmo peso.

Com a Revolução Industrial ocorrida em 1750, marca-se o início da Idade Contemporânea, trabalhadores passam a ficar muitas horas em uma mesma posição repetindo movimentos. O aumento das horas de estudo que influenciava os jovens a permanecer parados no exercício mental (apenas) levou a sociedade a pensar com cuidado sobre a relevância dos exercícios físicos.

A Alemanha deu um notável impulso aos exercícios físicos que com um tempo foram se perdendo sufocados por um modelo de ginástica patriótico social, ainda mais por causa da derrota alemã para Napoleão em Jena (1805). Nesse contexto foram criados aparelhos como a barra fixa e as barras paralelas, sendo os alemães, desse modo, os precursores da Ginástica Olímpica. Nesse país foi criado o mais antigo instituto de ginástica militar em 1804. Quatro anos depois, inaugurou-se um instituto civil de ginástica também para a formação de professores de educação física.

Em 1813 foi fundado o Real Instituto Central de Ginástica de Estocolmo, modelo para os demais países europeus.

Surgem na Europa as principais correntes de ginástica:

v Sueca: preocupava-se com a correta execução dos exercícios;

v Francesa: constitui os alicerces da Educação Física brasileira. Foi introduzida por militares ao longo do século XIX. Mesmo não sendo adequada aos ambientes escolares, por ter um caráter militar, foi introduzida nas escolas francesas.

v Britânica: não possuía uma fundamentação ginástica e sim esportiva. Era dada importância ao fair play.

Pierre de Fredy, barão de coubertin, francês, inspirado nos ingleses pretendia colocar o esporte como elemento da educação física e consegue pô-lo na educação francesa. Ele convoca um congresso internacional na universidade de Sorbone para marcar o ano oficial do renascimento dos Jogos Olímpicos (1896). Destacamos aqui a doutrina olímpica: “o importante nos jogos olímpicos não é vencer, mas tomar parte; o importante na vida não é triunfar, mas esforçar-se; o essencial não é haver conquistado, mas haver lutado”.

No séc. XX surge um ramo artístico da ginástica de origem alemã, era o nascimento da Ginástica Rítmica. No mesmo século vemos uma tendência pedagógica na Áustria, Suécia e França. Uma terceira tendência (médica) também nasce nesse período com os médicos franceses, dando ênfase à Fisiologia e à Biomecânica.

Na década de 1920 temos vários congressos internacionais de educação física proporcionando um intercâmbio pedagógico cultural entre diversos países. Os ingleses viram os esportes incluindo-se nos diversos currículos escolares do mundo.

A educação física no Brasil

O embrião de nossa educação física se deu com nossos indígenas que praticavam arco e flecha, pescavam, nadavam, corriam... Além de praticarem o jogo da peteca.

Os negros africanos trazem a capoeira (séc. XVI), misto de dança, ritual e luta.

Em 1808 a família real instala-se no Brasil. No ano de 1824 surge a primeira constituição brasileira. Nessa época o governo tenta organizar a educação. Então, lançam-se os primeiros livros sobre a educação física tratando de assuntos como eugenia (melhoramento da espécie), puericultura (conjunto de meios que visam a assegurar o perfeito desenvolvimento físico, mental e moral da criança), gravidez, etc.

O Ginásio Nacional (hoje colégio Pedro II), criado em 1837 como instituição modelo, incluiu a ginástica em seus currículos.

No ano de 1851, cria-se uma lei obrigando a prática da ginástica nas escolas primárias do município da Corte (Rio de Janeiro).

No final do Império foi recomendado o uso da ginástica alemã nas escolas.

A faculdade de medicina por meio de várias teses sobre educação física influenciou bastante esta área.

Em 1858 o exercício físico tornou-se obrigatório nas instituições militares.

Um dos primeiro esportes a se destacar no Brasil foi o remo.

Rui Barbosa em um de seus pareceres cria um pequeno tratado sobre a educação física. Citamos algumas recomendações deste:

Ø Obrigatoriedade da educação física no jardim de infância e nas escolas primárias e secundárias, como matéria de estudos em horas distintas das do recreio e depois das aulas;

Ø Distinção entre os exercícios físicos para os alunos (ginástica sueca) e para as alunas (calistenia);

Ø Prática de exercícios físicos pelo menos quatro vezes por semana, durante 30 minutos, sem caráter acrobático;

Ø Valorização do professor de educação física, dando-lhe paridade, em direitos e vencimentos, categoria e autoridade, aos demais professores;

Ø Contratação de professores de educação física, de competência reconhecida, na Suécia, Saxônia e Suíça;

Ø Instituição de um curso de emergência em cada escola normal para habilitar os professores atuais de primeiras letras ao ensino da ginástica.

Muitos esportes começam a ser inseridos no Brasil, como o futebol, importado da Inglaterra em 1894, a natação (1896), o basquete e o tênis (1898).

A primeira academia de ginástica tem seu registro em na cidade do rio de Janeiro em 1908.

Na Educação Física escolar não podemos deixar de falar do professor Arthur Higgins, defensor do método sueco de ginástica.

Um decreto aprova em 1921 o “Regulamento de Instrução Física Militar”, destinado a todas as armas e inspirado na ginástica natural francesa.

A Escola de Educação Física do Exército foi fundada em 1933. Militares franceses trazem seu método. A obrigatoriedade deste método foi estendida ao âmbito escolar (1931).

No Estado Novo percebemos a utilização da Educação Física como forte instrumento ideológico.

Em 1937, pela primeira vez a Educação Física aparece em uma carta constitucional. Nessa época dava-se ênfase aos desfiles cívicos onde a Educação Física orientava os alunos.

Em 1975, querendo deixar a ditadura, há uma tentativa de democratizar o esporte (Esporte para Todos - EPT).

CASTELANI, Filho. Educação Física no Brasil: a história que não se conta. Campinas: Paripus, 1998.

O militarismo acompanhou de perto a educação física no Brasil. Dois anos após a chegada da Família Real no Brasil, cria-se a escola militar.

Em 1860 a ginástica alemã é introduzida pelo alemão e alferes do Estado Maior Pedro Guilhermino Meyer, assumindo a função de Contramestre de Ginástica da Escola Militar.

Fundada no ano de 1907 pela missão militar francesa a Escola de Educação Física da Força Policial de São Paulo.

De fato, os militares acompanharam de perto o nascimento da Educação Física no Brasil.

A classe médica foi marcante na construção da identidade de nossa Educação Física. Os profissionais da área médica definiam-se como a mais competente das categorias para ditar os padrões de conduta física, moral e intelectual.

Em 1922 cria-se o Centro Militar de Educação Física.

As reformas educacionais realizadas em diversos Estados brasileiros, de 1920 a 1928, contemplavam a Educação Física como componente curricular do ensino primário e secundário.

No ano de 1929 o Ministério de Guerra cria juntamente com a ABE (Associação Brasileira de Educação) um anteprojeto determinando a obrigatoriedade da Educação Física em estabelecimentos de ensino a partir dos seis anos de idade. Cria-se também o Conselho Superior de Educação Física com sede no Ministério da Guerra. Aquele deliberava que: “... enquanto não (fosse) criado o Método Nacional de Educação Física, (ficaria) adotado em todo território brasileiro o denominado Método Francês, sob o título de Regulamento Geral de Educação Física...”.

O Método Francês acabou substituindo o Método Alemão trazido em 1860.

No ano de 1937 a Educação Física torna-se obrigatória nos cursos primários, secundários e facultativa no superior, isto se explicitava no Plano Nacional de Educação.

Em 1938 surge a Educação Física e a Educação Moral e Cívica como elos de uma mesma corrente, articuladas no sentido de darem à pratica educacional a conotação almejada ao momento vivido pelo País (Estado Novo).

A LDB aparece em 1948.

A tendência tecnicista assume seu lugar com as Leis nº 5540/68 5692/71.

O decreto nº 705 de julho de 69 tornou a Educação Física obrigatória em todos os níveis e ramos de escolarização.

Quando falamos em Ditadura fazemos uma referência na íntegra de Castelani: “... No que diz respeito a o Esporte, sua capacidade de catarse, de canalizar em torno de si, para seu universo mágico, os anseios, esperanças e frustrações dos brasileiros, foi imensamente explorada. A lembrança do ‘... Noventa milhões em ação, pra frente Brasil, salve a Seleção!’ Numa verdadeira ode à ‘corrente pra frente’, ainda está bastante, e hoje dolorosamente, viva – 17 anos passados – em nossas mentes e corações, pois,foi na estréia desses hinos ufanistas – apologistas de uma postura cívica exacerbadamente alienada, patológica – que vieram os odientos crimes políticos cometidos, voluptuosamente, pelos aparelhos repressivos – estatais e paraestatais – num ritmo e forma poucas vezes presenciados na história política da sociedade brasileira.”.

No primeiro ano da década de 80 é realizado o Congresso Brasileiro de Ciências do Esporte com o título: “Desporto e pobreza”.

Estudantes desse período participaram de diversos encontros sobre a Educação Física que vivia atrelada ao tecnicismo numa tentativa de mudar este quadro. Não é por acaso que em 1980 no 31º Congresso da UNE surge a idéia de realizar-se o Encontro Nacional dos Estudantes de Educação Física – ENEEF.